26 novembro 2009

TIPOGRAFIA POPULAR BRASILEIRA: TENDÊNCIA, EXPRESSÃO OU MODA?

(publicado em 26.11.09)

Por Edileno Capistrano



A primeira fonte digital brasileira que conheci foi a Brasilêro, de Crystian Cruz, durante um projeto acadêmico de design. Foi muito forte a identificação com aquela grafia irregular e interessante. Ao concluir, a peça gráfica parecia ter sido feita à mão.

Toda essa sensação pode ser justificada. A escrita popular tem uma áurea poética e nostálgica, com traços soltos e espontâneos, muitas vezes descompromissados com a ortografia, o que nos remete às primeiras letras rabiscadas num papel (ou na parede), quando crianças. Revela também a arte do cotidiano que entra nas vidas das pessoas sem pedir licença e humaniza o ambiente em que se encontra, mediante a forma que se apresenta cheia de beleza e verdade.

Reproduzi-la em formato digital seria então uma valorização dessa arte popular, como expressão da cultura visual brasileira? Uma representação da situação de um país com um grande número de analfabetos funcionais com baixo nível de leitura? A busca de uma boa aceitação no cenário tipográfico, com base nas premiadas fontes que seguem esse estilo?

As opiniões se divergem, mas a produção desse tipo de fonte se multiplica. Além da Brasilêro, temos a 1 Rial, de Fátima Finizola; 10 Real, de Alice Vargas; Bonocô e Suburbana, de Fernando PJ; Cabeça, Contexto e Filezim de Vinicius Guimarães; Caprichosa, Faceira, Marvada, Responsa, Tetéia e Treta de Pedro Moura; Ghentileza Original, de Luciano Cardinalli; Seu Juca, de Priscila Farias; entre outras.

Uma boa sugestão de leitura sobre o assunto é o livro Tipografia popular: Potências do ilegível na experiência do cotidiano, de Bruno Guimarães Martins. Já para adquirir algumas das fontes citadas anteriormente, segue o link do site Tipos Populares do Brasil: www.tipospopulares.com.br/wptipos/. O download é gratuito!


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Edileno Capistrano Filho, soteropolitano, é graduando em Desenho Industrial, com ênfase em Programação Visual (Design Gráfico), pela UFBA. Atualmente trabalha como Designer Gráfico na Fundação Cultural do Estado da Bahia. A tipografia brasileira tem atraído a sua atenção ultimamente. Tímido, mas inquieto é mais ouvinte que falante. Gosta de curtir uma boa música, e arrisca tocar instrumentos de corda como o cavaquinho e o violão.

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