01 junho 2010

CONSCIÊNCIA DO SER DESIGNER

(publicado em 01.06.10)

Por Ana Paula Paixão

Esse artigo surgiu de uma palestra,
que surgiu de um trabalho de conclusão de pós graduação,
que surgiu da necessidade de uma estudante que entendeu que antes de ser designer tinha que ser cidadã do mundo.

Aos vinte e dois anos entrou na Faculdade para cursar design gráfico. Como assim, design gráfico? Não tinha noção do que era aquilo. Decidiu pela profissão por influência de algumas disciplinas como história da arte, fotografia, vídeo e desenho, que viu por a caso, ou destino, na grade do curso.

Só para vocês terem idéia, é comum estudantes ingressarem no curso de design gráfico mal informados quanto à profissão que irão exercer. Isso acontece porque a auto-imagem do designer está nos cursos universitários, e não explícito na sociedade, como a do médico, do engenheiro e do dentista, por exemplo.

Quatro anos se passaram e ela se formou. E agora? Bom... e agora... trabalhar!

A criação do seu próprio escritório a fez estudar como nunca e refletir muito sobre a profissão que havia escolhido. Observou então que algo na Academia não tinha sido passado: o entendimento real do que era ser designer.

Após um tempo decidiu fazer uma pós graduação. Docência do Ensino Superior foi o curso escolhido. Gente... ela acabou por descobrir uma segunda paixão em sua vida: a Educação. A primeira deu para perceber que é o design, né?

Para completar, durante esse período, conheceu a Brahma Kumaris, uma Universidade do conhecimento espiritual e pôde enfim encontrar respostas de algumas perguntas sobre sua existência.

Com isso teve oportunidade de conhecer diversos pensadores, mas dentre tantos, três se destacaram: Paulo Freire, Ken O'Donel e Charles Owen. Que trouxeram a tona três conceito respectivamente: Consciência, Ser e Designer.

Paulo Freire, um educador pernambucano conhecido mundialmente por seu trabalho voltado para educação a fez entender que não existe o ato da consciência sem o ato da ação. Exemplificando: uma pessoa que fuma não tem consciência de que esse ato pode levá-lo à morte (se não, não fumaria), tem apenas a informação de que isso pode acontecer.

Palavras de Freire: “Meu papel no mundo não é só o de quem constata o que ocorre, mas também o de quem intervém como sujeito de ocorrências”.

O termo “Ser” representa hoje para ela, a essência, a alma, a energia que movimenta o seu corpo, uma coisa divina e por isso repleta de valores, mesmo que alguns estejam escondidos embaixo de toda sujeira ditada pela sociedade.

Já o conceito de design, escolheu o de Owen, citado por Bezerra em seu livro O designer humilde.

“design é a profissão que se preocupa com a criação de produtos, sistemas, comunicações e serviços que satisfazem necessidades humanas, melhora a vida das pessoas, e faz tudo isso respeitando o equilíbrio do meio ambiente.” Pronto, descobriu quem era como profissional e sentiu-se orgulhosa por isso!

Ana Paula Paixão gostaria, como ser, mulher, designer e educadora, que esses conhecimentos fossem abordados nas faculdades através de uma disciplina que auxiliasse os estudantes a refletirem sobre seu papel no mundo.

Não trata de tornar-se um homem de sucesso; mas, melhor, um homem de valor. (Albert Einstein)

Concluindo: para ela ter “consciência do ser designer” é entender que é um Ser antes de Designer; é buscar e seguir um conceito de design e fazer isso tudo interferindo positivamente na vida das coisas e das pessoas para um bem maior.

E para você? (Se não é designer substitua essa palavra pela sua profissão)


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Ana Paula Paixão é designer gráfico formada há quatro anos pelo Centro Universitário Jorge Amado - UNIJORGE, especialista em docência do ensino superior pela Associação Baiana de Educação e Cultura - ABEC, sócia fundadora e diretora de relacionamento do escritório Person Design. @appaixao

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