(publicado em 28.12.08)
Hoje, qualquer empresa, pequena, média, grande ou mínima tem marca. Qualquer um pode comprar uma marca na Internet por R$100,00. A ditadura da imagem impôs uma necessidade que terminou banalizando a si mesma. Um simples cursinho de seis meses está formando "designers". Formação fast-food, baseada em fórmulas pré-estabelecidas e executadas por pilotos de softwares. Design é projeto. É conceituação e análise de alternativas a partir da co-relação de dados técnicos, inspirações, referências históricas, temperadas com muita criatividade e poder de invenção.
O design potencializa o produto, otimiza a produção, melhora a comunicação, criando empatia com o público-alvo. Isso não é romantismo, é a essência do que fazemos.
Diante da pulverização generalizada, a imagem corporativa busca conteúdo e nasce o "branding" ou "total branding", que já era um termo usado na publicidade e no marketing. O nome em si não é importante, o que vale é o conceito. Vivenciando a realidade do cliente e de seu produto, o designer estabelece um conceito adequado. Assim, o designer deixa de ser um mero prestador de serviços para ser parceiro, traduzindo a mensagem do cliente para o público, buscando diferenciações que identifiquem o cliente de forma exclusiva, de acordo com a sua personalidade. Da mesma forma, a customização da produção atende a um consumidor mais seletivo e que está sempre atento à imagem do produtor e ao seu comprometimento social. Questões como atendimento e ambientação ganham importância e o designer passa a trabalhar mais em equipe e a ter mais responsabilidades e funções.
O designer, então, deverá ter cada vez mais bagagem cultural para propor soluções inovadoras, além de saber usar as ferramentas tecnológicas, artísticas e culturais. Esse profissional precisa ser curioso, versátil, ágil, bem formado e informado.
Isso resgata a importância da formação cultural e filosófica. Como nos tempos da Bauhaus, há quase cem anos. Escola que uniu teoria e prática gerando produtos bem projetados, funcionais, bonitos, com personalidade, bom poder de venda (muitos à venda até hoje ) e sempre atuais. Projetos gerados em um espaço multissensorial onde alunos e profissionais eram bombardeados de tecnologia, arte, atualidade e filosofia.
A história andando em ciclos e séculos? Tomara!
Texto de Guto Lins, sócio da Manifesto e professor da PUC-Rio
Nenhum comentário:
Postar um comentário