Por Geisa França
- Nós sustentabilizamos
- Vós sustentabilizais
- Eles sustentabilizam
- Eu sustentabilizo (será?)
O verbo sustentabilizar está sendo o mais conjugado da temporada, na qual as problemáticas do meio ambiente e o desafio do desenvolvimento sustentável são os assuntos da vez.
Todos querem imprimir em papel reciclado (antes era “feio com aspecto de velho”...Hoje: UAU! É show de bola!). Hoje todos querem vestir-se com camisetas fabricada com tecido de resíduos da garrafa PET e termo reciclar está na ponta da língua nas rodinhas de bate papo.
Toda esta mobilização, sem dúvida é interessante, vale a pena. Mas será que é efetiva? O design tem a ver com isso? Eu como designer posso fazer a diferença no mercado e colaborar com o planeta?
É fato que há um desconhecimento social quanto a importância da colaboração do Design para tornar os produtos mais competitivos. As empresas não sabem o potencial do investimento no profissional da área que atende esta demanda sustentável.
Atualmente, há uma tendência para o tema devido as situações como: Efeito estufa, derretimento das geleiras, fauna, flora e ecossistema sendo prejudicados pela ação humana e tendo seus efeitos mais desastrosos. A busca pela qualidade de vida impulsiona a demanda pela caça aos produtos sustentáveis. É aí que pode estar a oportunidade.
Entretanto, é possível a existência de produtos com “maquiagem” ecologicamente correta sem alterar seu processo de produção, por exemplo. O que adianta determinado objeto ser constituído de material reciclado, se para tratar este material gasta-se milhares de litros de água ou descarta-se produtos químicos no meio ambiente?
E o que adianta fazer um produto cuja matéria prima é natural e renovável, se para a extração da mesma exploram-se comunidades menos favorecidas?
Sustentam o significado de sustentabilidade os seguintes requisitos:
- Economicamente viável
- Ecologicamente correto
- Socialmente justo
- Culturalmente aceito
E o produto desenvolvido ou atitude praticada que pense em ser sustentável tem que equilibrar estas condições.
O Design é a área de atuação na qual seus profissionais, através de metodologias e pesquisas realizadas propõem soluções para um dado problema, buscando aliar estética e bem estar, materiais e tecnologia, otimização dos recursos e busca de inovação. Mediante este aspecto, nota-se como o Design já possui intrínseco o requisito de sustentabilidade na resolução de questionamentos. Este questionamento pode estar bem pertinho, no trabalho, na rua ou até mesmo em casa, no quotidiano.
Assim, designers através de suas ferramentas investigativas podem fazer a diferença, sem máscaras pseudo sustentáveis.
Entretanto não é também para ficar na paranóia desta forma: Opa! Vamos lançar uma caneta biodegradável assim ela, ao ser descartada, não colaborará no acúmulo de lixo. (Mas e o ciclo de vida desta caneta, qual será? Quando precisar de utilizá-la em 2 dias, não a encontrarei por que ela já foi devorada pelos micro organismos?)
Hum! Então vamos lançar uma estamparia com tinta a base de água... (Mas como será a fixação desta tinta? Na primeira lavagem a imagem impressa já terá ido por água a baixo?)
Este é um tema interessante e cujos produtos estão tendo boa aceitação no mercado, entretanto, não se pode mudar o mundo totalmente, e cada um pode-se ser útil com idéias pontuais e que não sejam mirabolantes.
Pequenas ações no dia-a-dia como utilizar o verso do papel, compor um projeto gráfico de forma a otimizar o aproveitamento do suporte, pesquisar alternativas de materiais, pensar no ciclo de vida do produto e formas de descarte, já fazem a diferença. Estas atitudes apesar de simples são efetivas, e podem ser um índice que valorize a atuação de um profissional ou de uma empresa mediante o mercado e a concorrência.
Aproveitando esta oportunidade com o Design, consegue-se o diferencial, pode-se gerar um padrão de qualidade nos serviços e no posicionamento mercadológico e, o melhor, o planeta agradece.
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Geisa França é designer, formada em design gráfico pelo Centro Universitário Jorge Amado (UNIJORGE). Possui artigos publicados sobre Ergodesign, Ergonomia Informacional e Usabilidade. Atualmente, atua na área de Design de Interface em Desenvolvimento de Software. É fascinada por cor, formas e novidades na área de projeto.
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