Por Edileno Capistrano
Outro dia, pela manhã, estava subindo a escada rolante da estação da Lapa enquanto, do outro lado, desciam pelo corrimão da escada vários estudantes de colégio público na maior algazarra. Reparei que na minha frente tinha um senhor, aparentando uns 50 anos, balançando a cabeça como sinal de negação. Quando percebeu que eu vi a sua reação ele começou a falar indignado:
– É uma bagunça! Uma hora dessas e os alunos já estão na rua.
Eu concordava:
– É um problema!
E ele:
– E ainda querem jogar a culpa para cima deles.
Eu retrucava:
– Falta investimento na Educação por parte do Governo. Melhores salários para os professores.
E ele:
– O problema não é só esse não. Falta fiscalização. Faltam bons profissionais. Eu sou professor, mas parei de ensinar. Parei porque estou cansado disso. Tem muitos professores picaretas que não querem nada. Não planejam aulas. Isso quando vão, pois a maioria falta muito. Ficam colocando atestado. Se estivessem ensinando em escola particular não faziam isso. Tinham que bater o ponto; mostrar trabalho, pois se não eram demitidos. No final das contas quem sai perdendo é o aluno. O salário não é o ideal, mas também não é tão ruim assim.
Depois dessa conversa me lembrei que tive um pouco de sorte, de que apesar de ter estudado em colégio público, tive bons professores, mas lembrei, também, que esse problema se estendia ao 3° grau. Na faculdade, lembro de professores renomados que tinham problemas com a assiduidade. Faltavam nos dias de aula e as suas justificativas eram sempre de problemas de saúde consigo ou com algum parente próximo ou distante. Podia ser também problema com o carro, com pneu furado e por aí vai. O semestre passava, um trabalho era feito para garantir nota e tudo recomeçava em outro semestre. Apesar de nessa fase o aluno já ter consciência do que quer e de seus direitos e deveres como estudante e futuro profissional, em tempo de faculdade uma ou duas matérias a menos para se preocupar era uma alívio em meio a tantas outras para dar conta, além das outras obrigações do dia a dia como, por exemplo, conseguir se manter num estágio para poder, além de exercitar a profissão, comprar um livro, ter internet em casa, entre outros gastos necessários.
Vi naquele senhor que externava a sua angústia, a preocupação com o jovem e com o futuro do país. Embora tenha aparentemente desistido, ele carregava em si a esperança da mudança. Inconformado, ele me deu uma aula naquele instante e uso esse texto como intermédio para levar ao conhecimento de vocês a sua preocupação e indignação.
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